Lições dos planetas anões da Lua Nova

Continuo a falar sobre a Lua Nova em Gêmeos que tivemos na manhã passada. Desta vez, quero me focar nos asteroides e planetas anões que orbitam dentro e fora do sistema solar, mas que estão presentes na lunação. Por suas órbitas longas, esses astros muitas vezes representam tendências de longo prazo. Vale a pena olhar alguns deles.

Produção e abastecimento de alimentos continuará em foco (Sharon Pittaway/Unsplash)

No mapa da Lua Nova em Gêmeos, tem um ponto muito carregado. É o planeta anão (ou KBO, objeto do Cinturão de Kuiper, em inglês) chamado Ceres, a 20º de Capricórnio. O simbolismo de Ceres diz respeito a comida, alimentos, abastecimento, produção agrícola. Ceres está num belo ângulo de cooperação com Urano a 24º de Touro, mas também em estresse com Éris a 25º de Áries e um pouco afastado de Marte a 28º de Áries. Então a influência mais forte a Ceres vem de Urano e Éris, e isso sugere que a produção agrícola de alimentos continuará sendo importante. Éris, como sabem, é a deusa da discórdia e do caos, representando protestos de rua a favor das minorias e indivíduos oprimidos por grandes atores.

Portanto, o embate Ceres-Éris pode representar a continuidade dos protestos de agricultores por toda Europa e também nos Estados Unidos. A propósito, estamos falando de protestos de pequenos produtores e criadores, agricultura familiar, coisa de quem planta comida. Não é o caso do agronegócio que, com exceção do mercado de carne, não produz comida e sim insumos. Urano em Touro representa a chance de muita inovação na produção de alimentos e essa inovação (Urano) deve se dar de maneira orgânica e natural (Touro). Então a inovação pode vir de redes locais de agricultores, reunindo grupos de amigos localmente, vizinhos (pois Júpiter está em Gêmeos), essas pessoas concordam em quem cultivará o que, para que todos possam ter variedades de legumes, folhas, tubérculos, frutas, etc.

A possibilidade me deixa maravilhada, com Júpiter em Gêmeos reunindo redes e comunidades próximas, e Plutão em Aquário ajudando na inovação. Lembro a todos que Ceres é um planeta anão dentro do Sistema Solar, entre Marte e Júpiter. Já estava em Capricórnio, contribuindo naquela importante conjunção de Saturno e Plutão que aconteceu a 22 graus de Capricórnio em 12 de janeiro de 2020. Vocês devem se lembrar que esta conjunção Saturno-Plutão marcou o início da pandemia global de coronavírus. Ceres, deusa da colheita de grãos, muito ligada à nutrição estava envolvida naquele abuso de poder de Saturno-Plutão que começou em 2020 e que na verdade agiu como um enorme catalisador para um início de evolução da humanidade. Tragédia como foi, a pandemia transformou visceralmente nosso mundo. Agora, Ceres está voltando para os 22 graus de Capricórnio onde estava no início de 2020, à medida que avançamos para os últimos meses deste ano. Aliás, especialmente por volta de outubro, novembro, que serão meses incrivelmente poderosos, com eleições e tudo mais. Sempre digo que Ceres é algo a ser observado em termos de tudo o que tem a ver com a Terra, natureza, alimentos, grãos.

Um criador de mundos nos sonhos

A Lua Nova ocorreu exatamente a 16º de Gêmeos, e um KBO muito interessante estava em conjunção à Lua e ao Sol. Trata-se de Altjira em 19º09′ Gêmeos. Esse planeta anão, de órbita de 239 anos, te o nome de um deus aborígene do Tempo do Sonho. O Grande Sonho é uma mitologia central do povo aborígene da Austrália, e tem tudo a ver com o Deus Criador. Esse povo crê no sonho como a energia a partir da qual nosso mundo físico é formado. Para eles, o sonho é a energia invisível a partir da qual nos manifestamos. Eles tinham uma compreensão muito clara desse caminho, melhor do que nós, como pessoas modernas. A visão de mundo deles não tem nenhum mistério.

Os aborígenes acreditam em duas formas de tempo, ou sejam, duas correntes paralelas de realidade. Uma é a realidade da atividade objetiva diária, a outra é o ciclo espiritual infinito chamado O tempo dos sonhos, mais real do que a própria realidade. De acordo com sua visão de mundo, o que quer que aconteça no tempo dos sonhos, estabelece os valores, os símbolos, a base da sociedade real do dia a dia. Por isso, para manifestarem no dia a dia o tempo do sonho, eles andam nas linhas das músicas, e isso é realmente lindo.

Esse conhecimento todo está particularmente relacionado a que os povos aborígenes saem da terra, da natureza, dos ciclos naturais, da astronomia, da medicina natural, das plantas, dos animais, da ecologia, da genealogia e tudo foi transmitido pela fala e pela música (Gêmeos). Por usar tanto o conhecimento oral, eles tinham áreas enormes em suas redes neurais, porque eles guardavam todas essas informações na mente. A transmissão oral do conhecimento era alojada no cérebro das pessoas, não em memórias de computador. Tenho uma intuição de que o homem moderno tem uma memória mínima como seres humanos em comparação com os povos indígenas e os povos aborígenes porque tudo foi mantido na fala e na música. Esse povo dificilmente tem Alzheimer, mas meu palpite é que, quando alguém desenvolve essa doença, eles acham que a pessoa está vivendo no tempo do sonho…

Amo os planetas anões porque vejo neles lições riquíssimas e interessantíssimas para nós, humanidade moderna. Os KBOs e seus símbolos nos lembram que os povos indígenas viram tudo ou veem tudo no tempo presente como vivo, cheio de força vital, todo o cosmos como um fluxo, uma Unidade, uma teia de vida. Esta Lua Nova nos lembra que este tempo de Aquário e Gêmeos, em que falamos uns com os outros, pode também ser um renascimento desse conhecimento antigo, que anda ressurgindo de muitas maneiras.

Saturno vem trazendo uma nova realidade

É interessante também apontar que, como Saturno em Peixes está em ângulo com essa Lua Nova em Gêmeos (que lembro, está conjunta a Vênus), a realidade também pode se manifestar concretamente (Saturno) a nossas novas ideias, nosso novo pensamento sobre novas perspectivas (Gêmeos) que está enraizado na ciência (Saturno) e na espiritualidade (Peixes). Pode ler essa frase de novo porque tem muitas ideias aí.

Um dos principais temas de Saturno na metade de sua caminhada por Peixes é que estamos unindo ciência e espiritualidade. Não é uma ideia nova, eu sei, mas acho que agora essas ideias ganham mais força. Há quase 400 anos, desde o início do Iluminismo, a humanidade vem separando conhecimento científico de práticas tradicionais. Não, não estamos mais assombrados por demônios, mas também não precisaríamos abandonar todo o conhecimento tão tradicional. Mas parece que agora estamos fazendo as pazes com os métodos antigos, mesmo aqueles que não se enquadrem (ainda) no método científico e puramente racional.

Uma Lua Nova em Gêmeos não seria digna do nome sem ideias bem fora do comum. Sejam cientistas agora trazendo a espiritualidade em seu discurso, sejam igualmente as pessoas espirituais trazendo a ciência, fico satisfeita em ver essas novas práticas e novas ideias nascendo e vindo para a realidade de longo prazo que só Saturno pode construir.

Vivemos realmente em tempos prodigiosos. Nunca o futuro pareceu tão eletrizante.

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